Conditional vs. Imperfect Subjunctive

Olá a todos,

Eu acabei de completar a unidade sobre o modo condicional, mas ainda não percebo quando usar o modo condicional ou o imperfeito do conjuntivo, especialmente com os verbos achar e pensar.

Deixo aqui alguns exemplos de frases que encontrei:

  • Eu achei que ele acabaria/acabasse por desistir
  • Não achei que ele precisaria/precisasse de ajuda
  • Pensei que vocês correriam/corressem mais depressa
  • Não pensei que conhecerias/conhecesses esta banda
  • Pensei que viríamos/viéssemos a tempo de ver o jogo
  • Pensei que eles iriam/fossem embora mais cedo
  • Ele pensou que eu traria/trouxesse presentes para vocês
  • Achei que não comeriam/comessem tantos bolos

Pode ser que dê para usar as duas formas de igual. Alguém pode ajudar-me com isto, por favor?

Muito obrigado!

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Olá, @ward.edan. Pergunta difícil, mas vou tentar responder bem. Em todos esses casos, eu diria que tanto o condicional como o pretérito imperfeito do conjuntivo são gramaticalmente corretos. Mas neste tipo de frases, o que eu sinto enquanto nativo é que o condicional muitas vezes localiza a ação/hipótese num tempo futuro dentro do passado, enquanto o pretérito imperfeito do conjuntivo simplesmente descreve a ação/hipótese de um modo mais abstrato, sem um tempo tão definido.

O que é que eu quero dizer com “futuro dentro do passado”? Imagina que, há um mês, tu assististe a uma corrida onde participaram alguns amigos teus e hoje estás a dizer a esses amigos o que sentiste.

  1. Pensei que vocês correriam mais depressa => Possível interpretação: Durante a corrida, tu pensaste que eles iriam correr mais depressa num momento futuro daquela corrida. No entanto, a corrida já aconteceu. Hoje, esse futuro já pertence ao passado.

  2. Pensei que vocês corressem mais depressa => Possível interpretação: No passado, não importa quando (durante a corrida, antes da corrida…), tu pensavas que eles corriam mais depressa em geral (em qualquer corrida, em qualquer momento). A única coisa clara é que hoje já não tens a mesma opinião.

Pessoalmente, eu prefiro usar o imperfeito do conjuntivo sempre que posso. Às vezes, os dois podem ser usados por igual (não te consigo dizer exatamente quando/porquê); outras vezes, dependendo do contexto, talvez só o condicional possa ser usado.

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Não fazes ideia do quanto me ajudam as tuas respostas! Muito obrigado!

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Oh, ainda bem! De nada :sunglasses:

Hey Joseph,

Eu tem uma pergunta sobre aquele assunto, eu estava a ler a tua explicação quando comecei a perguntar-me as diferentes maneiras a escrever uma frase com quase o mesmo significado.
Como já explicaste a diferença entre 1 e 2. Podias confirmar que 2-3-4-5 signficam o mesmo (imperfeito em vez do condicional) ou isto não é certo. ​Eu não tenho certaza se 3 e 5 são usados em Portugal, eu lembro-me dum artigo que dizia que IA+Infinitivo é mais usado mas talvez fosse um artigo para o português de Brasil.

Então em resumo, normalmente, o condicional é considerado demasiado formal, então 2 e 5 são menos usados do que 3 e 4? E entre 3 e 4? Qual número era mais usado?

1)Pensei que vocês corressem mais depressa
2)Pensei que vocês correriam mais depressa
3)Pensei que vocês iam correr mais depressa
4)Pensei que vocês corriam mais depressa
5)Pensei que vocês iriam correr mais depressa

Is the conditional just rarely used at all? I noticed that you used “diria” in your initial message and not dizia. I’m trying to find one way of consistently using it and the IA+seems so easy to use because it’s similar to the IR+infinitive of the future tense. Also I want to seem as colloquial as possible. Could we just IA(imperfeito ir)+infinitif instead of using the conditional at all? In the article they even said that IA+infinitif was ok for hypothetical situations. Example: Se eu fosse o chef, eu ia promover todos (instead of promoveria/promovia) but I’m starting to think this might just be a Brazil thing.

Hope my questions makes sense.

Thank

Vou dividir as 5 frases acima em dois grupos. No grupo 1, há as frases 1 e 4. Elas são equivalentes e ambas seriam interpretadas num sentido genérico (vê a minha resposta acima, para o @ward.edan). No grupo 2, há as frases 2, 3 e 5, que também são equivalentes entre si, mas seriam interpretadas num sentido mais específico, no tal tempo “futuro dentro do passado” (ver resposta acima).

The conditional is not used often, but in certain contexts, it does fit better. “Eu diria” is an example of that. But the general rule of thumb that the imperfect is often replaced by the conditional is still very true for European Portuguese. In your example, “ia promover” is a good example of that. Higher above in this same post, I wrote “seriam interpretadas”, but it would also be fine to say “iam ser interpretadas”, for example (“iam ser” fits better than “eram” in this context since it’s more in a future sense).

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Hi,

Obrigado pela ajuda,

Eu tenho algumas outras perguntas, por que é que (4) é diferente de (2)? eu pensava que pudéssemos substituir o imperfeito pelo condicional e isso não mudesse o significado.

Assim de cabeça, podias dizer-me os verbos que são mais utilizados com o condicional em vez do imperfeito. Já disseste dizer-Diria… eu notei que ser-Seria é também mais utilizado.

É uma pena o condicional não ser usado mais frequentemente, é muito semelhante ao condicional em francês (seria…serait… mais fácil para as pessoas que sabem falar francês) mas eu acho que é provalvemente para evitar os “mesoclitics” ( a minha teoria sem provas mas isso é tão tão complexo lol)

Sim, essa é a regra geral, mas conforme o contexto, a substituição nem sempre se faz da mesma forma. Neste caso, com este verbo e com a frase já colocada num tempo passado pelo primeiro verbo “pensei”, uma substituição direta de “correriam” por “corriam” gera a pequena diferença de interpretação que eu já expliquei acima. Mas podes substituir “correriam” por “iam correr” (nota o imperfeito no verbo auxiliar) sem impacto no significado, porque aí já fica evidente aquele aspeto de “futuro do passado” que é típico do condicional nestas situações.

Acho que é muito difícil fazer essa listagem, até porque não depende necessariamente do verbo em si, mas também do contexto em que é usado. Por exemplo, falaste do verbo ser/seria, mas é muito comum dizermos “Era bom que…” (It would be good that…) e isso é o imperfeito, não o verdadeiro condicional. Conforme vimos acima, também pode acontecer que a substituição não seja direta, mas feita através de um verbo auxiliar. Infelizmente, tenho dificuldade em esclarecer-te neste ponto!

Isso é verdade! O uso do verdadeiro condicional aumenta o risco de enfrentarmos estruturas “complicadas” com pronomes em posição mesoclítica. Por exemplo, “Eu dir-te-ia” em vez de
um simples “Eu dizia-te”. Em geral, nós preferimos evitar esse tipo de construção.

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